quinta-feira, junho 08, 2006

A Construção

De Segunda a Quinta-feira, às 19h, com repetição à 01h podem ouvir na TSF(Rádio) um programa de seu nome "Pessoal e Instransmissível", onde Carlos Vaz Marques entrevista diferentes personalidades das mais vastas áreas.
A personalidade de hoje foi o cantor Chico Buarque.
Vinha no carro, para casa, a ouvir atentamente a entrevista (para os mais curiosos, podem ouvi-la acedendo ao site da TSF e pesquisar nos arquivos do referido programa) e, ocorreu-me que dada a minha adimração pelo cantor, decidi partilhar convosco a letra da minha música prefrida de Chico Buarque de Holanda, em jeito de homenagem ao artista.
O jogo de palavras é qualquer coisa de formidável. Recomendo vivamente a sua audição.

"Construção"
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Chico Buarque
Aquele abraço.
Jeremias
NOTA: Outras musicas igualmente boas, como "Valsinha", "O que será", "João e Maria", "Gota D'Agua", entre outras do vasto reportório do Chico, são recomendávies de audição, eu é que inclinei para esta "Construção", vá-se lá saber porquê.

1 Comments:

Blogger James said...

n, o Chico leva jeito na coisa, ele vai longe, ainda o vamos ver, em grandes festivais, e olha para o q te digo, raramente mingano! :D

5:32 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

Counters
Counters