segunda-feira, setembro 25, 2006

Outono



Saí noutro dia de casa, em mangas de camisa, para ir tomar um café ao fundo da rua e senti um ar agreste, nesse momento para mim mesmo, sorri.
Nunca suportei bem a chuva e o frio do Inverno, nem o calor insuportável do Verão, sou um grande adepto das chamadas meias estações.
Esta que entramos agora tem para mim especial impotância. Creio que de certa maneira, o Outono traz consigo coisas boas, das que nos alegram a vida.

Não sei porquê mas nesta estação do ano (sim, porque, as estações do ano alteram o estado de espírito duma pessoa e quem disser o contrário está a mentir), sinto-me bem, não sei se é das cores próprias da época, da folhagem no chão, do fumo que traz o cheiro a castanhas assadas ao fundo da rua, de vestir uma camisola mais quente, das vindimas, do sabor da boa comida mais "pesada" da época, da vontade de ir até "à aldeia", acender a lareira e passar uma tarde agradável à conversa com amigos, do cheiro e da cor do mar desta altura, não sei, não sei mesmo, sinto que nesta época estou mais próximo de tudo, principalmente daquilo que gosto.


Aquele abraço.
Jeremias

domingo, setembro 17, 2006

Canto dos Torna-Viagem

Após uma pequena retirada que serviu para o descanso e férias deste vosso Fora-da-Lei aqui estou de volta para escrever o que me vai na alma.

Noutro dia em conversa amiga falava-se de vários autores da música portuguesa e veio à baila o "Zé Mário" (José Mario Branco) entre muitos outros.
Decidi então redescobrir o autor do "F.M.I", do "qual é a tua ò meu?", do "mudam-se os tempos mudam-se as vontades", entre muitos outros êxitos. Desta feita dei particular atenção ao albúm de 2004 "Resistir é Vencer" e aqui vos deixo parte deste "Canto dos Torna-Viagem"

"...Porque não tentar outro ponto de vista
A história dos outros, quem a contará
Se qualquer colónia sem colonialista
São os que já estavam lá
Tentemos então ver a coisa ao contrário
Do ponto de vista de quem não chegou
Pois se eu fosse um preto chamado Zé Mário
Eu não era quem eu sou
Os navegadores chegaram cá a casa
E foi tudo novo p'ra eles e p'ra mim
A cruz e a espada e os olhos em brasa
Porque me trataste assim?
Não é culpa nossa se quem p'ra cá veio
Não se incomodou ao saber do horror
A História não olha a quem fica no meio
E o que foi é de quem fôr"
José Mário Branco
Aquele abraço.
Jeremias
Nota: Recomendo vivamente a audição deste tema e do respectivo albúm, bem como a obra do Zé Mário. Só assim se perceberá a importância do autor na história da música portuguesa.
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