terça-feira, junho 27, 2006

Desespero

Esta é a prova viva que um Fora-da-Lei também desespera e nem sempre anda nos seus melhores dias.

"Estranha forma de acordar
Que é estar pronto para dormir
Abre a porta e vê se o mundo ainda é teu
Cedo vai-nos dar razão
Como a vida nos convém
Cedo irá arder nas minhas mãos
Não vejo um homem para trás
Não vejo medo para trás
Não vejo portas para trás"
Aquele abraço.
Jeremias
NOTA: Parte da letra retirada da música "Tanque" dos extintos Ornatos Violeta.

quarta-feira, junho 21, 2006

Divagações de um Fora-da-Lei, 3

Sempre achei certa graça à palavra "cornucópia", talvez pela forma como esta palavra nos entra no ouvido.
Porém nunca achei graça nenhuma a objectos, nomeadamente roupa, com cornucópias estampadas.
Ontém numa conversa de café entre amigos, alguém referiu que certo Natal recebeu de um familiar um lenço de seda com cornucópias.

Fui ao dicionário pesquisar o significado desta palavra e aqui vos deixo, para minha surpresa, o resultado da pesquisa:

"Cornucópia (Lat. cornucopia), s. f. Corno mitológico,
símbolo da abundância: vaso, em forma de corno,
cheio de florese frutos."
Dicionário da Língua Portuguesa

Aquele abraço.
Jeremias

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segunda-feira, junho 12, 2006

Divagações de um Fora-da-Lei, 2

Uma pequena "fotografia" de grande parte do povo do nosso país.

"...Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças..."
José Mário Branco
Aquele abraço.
Jeremias

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sábado, junho 10, 2006

"Os Demónios de Alcácer Quibir"

Neste dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, este vosso Fora-da-Lei, deixa-vos um relato engraçado de parte da nossa história.

"O D. Sebastião foi para Alcácer-Quibir
de lança na mão a investir a investir
com o cavalo atulhado de livros de história
e guitarras de fado para cantar vitória
O D. Sebastião já tinha hipotecado
toda a nação por dez reis de mel coado
para comprar soldados lanças armaduras
para comprar o "V" das vitórias futuras
O D. Sebastião era um belo pedante
foi mandar vir para uma terra distante
pôs-se a discursar: isto aqui é só meu
vamos lá trabalhar que quem manda sou eu
Mas o mouro é que conhecia o deserto
de trás para diante e de longe e de perto
o mouro é que sabia que o deserto queima e abrasa
o mouro é que jogava em casa
E o D. Sebastião levou tantas na pinha
que ao voltar cá (aí) encontrou a vizinha
espanhola sentada na cama deitada no trono
e o país mudado de dono
E o D. Sebastião acabou na moirama
um bebé chorão sem regaço nem mama
a beber a contar tim por tim tim
a explicar a morrer sim mas devagar
E apanhou tal dose do tal nevoeiro
que a tuberculose o mandou para o galheiro
fez-se um funeral com princesas e reis
e etcetera e tal, Viva Portugal"
Sérgio Godinho
Aquele abraço.
Jeremias
NOTA: Este poema é também uma música de Sérgio Godinho, aproveito para recomendar a sua audição.

sexta-feira, junho 09, 2006

O fim parcial da "mama"

Desde de miudo que vejo nos filmes americanos os prisioneiros a realizar obras públicas, como a construção de estradas, de via férrea, entre outras. Sei que não é so nos filmes, é a realidade.
Quentionava-me porém, se somos um país de ricos?!?!?
Pelo que vou lendo, as cadeias estão lotadas, há aí gente aos molhos a receber dinheiros do Estado sem fazer nenhum e até metidos em vícios como a droga e outros que tais.
Li hoje com alegria, visto que o país anda mal mas, não pode ser só triteza, uma notícia que me agradou e muito.

"Governo vai colocar 2500 desempregados a limpar matas

O Governo vai obrigar 2500 desempregados inscritos nos centros de Emprego e Formação Profissional e beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) a trabalhar na limpeza de matas e manutenção de infraestruturas, no âmbito do combate aos fogos florestais.
Segundo a edição desta sexta-feira do jornal Correio da Manhã, que cita o despacho publicado ontem no Diário da República, as pessoas que se recusarem a aceitar o referido trabalho, «perdem o seu direito à recepção da prestação de desemprego».
Os desempregados seleccionados têm ainda direito a receber do Instituto de Emprego um subsídio complementar ao subsídio de desemprego, enquanto os beneficiários do RSI passam a receber um subsídio ocupacional. Os valores, quer do primeiro, quer do segundo, não foram, no entanto, divulgados.
Desenvolvido prioritariamente entre Abril e Outubro de cada ano, o Governo estipula ainda que sejam as entidades promotoras destes programas ocupacionais (municípios, freguesias, associações humanitárias, bombeiros, etc.) a proceder ao «pagamento de despesas de transporte e alimentação, bem como do seguro de acidentes pessoais dos destinatários». "

in Diário Digital
Finalmente uma medida digna de aplausos, só espero que vá avante e o que número de "asilantes" que por aí andam a ser requesitados para este tipo de serviços aumente.
O Estado esquece-se que paga a esta gente para andar o ano inteiro de "férias" e acho muito bem que os ponha a trabalhar. Já agora que não seja só de Abril a Outubro como refere a notícia mas sim o ano todo, tirando os 21 dias úteis de férias que cada trabalhador "normal" tem direito.
Já agora criando as devidas medidas de segurança porque não por os criminosos deste país, que se encontram nas nossas cadeias, com tudo pago (comida e roupa lavada), também a fazer estes serviços, já que prejudicaram a sociedade com os crimes que praticaram e ainda por cima custam dinheiro ao Estado, dentro das cadeias no "bem bom".
Aquele abraço.
Jeremias

Divagações de um Fora-da-Lei, 1

"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares
Aquele abraço.
Jeremias

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quinta-feira, junho 08, 2006

A Construção

De Segunda a Quinta-feira, às 19h, com repetição à 01h podem ouvir na TSF(Rádio) um programa de seu nome "Pessoal e Instransmissível", onde Carlos Vaz Marques entrevista diferentes personalidades das mais vastas áreas.
A personalidade de hoje foi o cantor Chico Buarque.
Vinha no carro, para casa, a ouvir atentamente a entrevista (para os mais curiosos, podem ouvi-la acedendo ao site da TSF e pesquisar nos arquivos do referido programa) e, ocorreu-me que dada a minha adimração pelo cantor, decidi partilhar convosco a letra da minha música prefrida de Chico Buarque de Holanda, em jeito de homenagem ao artista.
O jogo de palavras é qualquer coisa de formidável. Recomendo vivamente a sua audição.

"Construção"
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contramão atrapalhando o sábado
Chico Buarque
Aquele abraço.
Jeremias
NOTA: Outras musicas igualmente boas, como "Valsinha", "O que será", "João e Maria", "Gota D'Agua", entre outras do vasto reportório do Chico, são recomendávies de audição, eu é que inclinei para esta "Construção", vá-se lá saber porquê.

terça-feira, junho 06, 2006

Jardins Virtuais

Estava eu a fazer a minha actulização diária, do que se passa no país e no mundo, quando me deparo com esta notícia:

"A Câmara de Lisboa vai introduzir a tecnologia sem fios de acesso à Internet em cinco jardins da capital no final deste Verão, num projecto que se pretende ver alargado a toda a cidade ainda este ano.
Segundo informa o jornal Público, a iniciativa vai arrancar nos jardins da Estrela, Príncipe Real, Arco do Cego, Campo Grande e Parque das Conchas.
Esta é uma iniciativa conjunta dos pelouros dos Espaços Verdes, tutelado por António Prôa, e da Modernização Administrativa, de Gabriela Seara."

in Diário Digital
É de uma inteligencia suprema introduzir esta iniciativa no final do Verão, visto que o nosso país tem um clima tropical e o Inverno não é nada rigoroso, por isso mesmo podemos passar o ano inteiro sentados em bancos de jardim.
Compreendo que esta iniciativa tenha a melhor das intensões mas, questiono-me se há segurança nos jardins, para as pessoas poderem confortavelmente aceder à Internet, através dos seus portáteis, sem serem incomodadas por amigos do alheio.
Será que no próximo Inverno vamos ver os "velhos" dos jardins, a jogar à batota com computadores ligados em rede??
Por outro lado, espero que esta iniciativa seja o principio de Internet sem fios gratituita nas nossas cidades, é que eu penso que os moradores das proximidades destes jardins podem cancelar os seus contratos de Internet, pois vão usufruir de uma rede sem fios paga pela Câmara Municipal de Lisboa.
Sr. Dr. Rui Rio quero Internet no jardim mais próximo de minha casa, se contar um canteirinho que tenho aqui perto da porta, melhor.
Um abraço a todos.
Jeremias

domingo, junho 04, 2006

O primeiro dia

Ora aqui está mais um blog num mundo de tantos outros, foi criado com a vontade de escrever e partilhar o que vier a alma, como todos os outros, acho eu.

Aqui fica a fonte de inspiração ao nome e à existência do blog do Jeremias:

Vou falar-vos dum curioso personagem: Jeremias, o fora-da-lei
Descendente por linha travessa do famigerado Zé do Telhado
Jeremias dedicou-se desde tenra idade ao fabrico da bomba caseira
Cuja eloquência sempre o deixou maravilhado
Para Jeremias nada se assemelha à magia da dinamite
A não ser talvez o rugir apaixonado das mais profundas entranhas da terra
E só quando as fachadas dos edifícios públicos explodirem numa gargalhada
Será realmente pública a lei que as leis encerram
Há quem veja em Jeremias apenas mais uma vítima da sociedade
Muito embora ele tenha a esse respeito uma opinião bem particular
É que enquanto um criminoso tem uma certa tendência natural para ser vitimado
Jeremias nunca encontrou razões para se culpar
Porque nunca foi a ambição, nem a vingança, que o levou a desprezar a lei
E jamais lhe passou pela cabeça tentar alterar a Constituição
Como um poeta ele desarranja o pesadelo para lá dos limites legais
Foragido por amor ao que é belo e por vocação
Jeremias gosta do guarda roupa negro e dos mitos do fora-da-lei
Gosta do calor da aguardente e de seguir remando contra a maré
Gosta da forma como os homens respeitáveis se engasgam quando falam dele
E da forma como as mulheres murmuram: fora-da-lei
Gosta de tesouros e mapas sobretudo daqueles que o tempo mais maltratou
Gosta de brincar com o destino e nem o próprio inferno o apavora
Não estando disposto a esperar que a humanidade venha alguma vez a ser melhor
Jeremias escolheu o seu lugar do lado de fora
Jorge Palma

Como diria o refrão de uma música conhecida, "hoje é o primeiro dia do resto da tua vida" (S.G).

Um abraço a todos.
Jeremias
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